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Diálogos AMSUR: A Questão Racial e o Futuro do Brasil

Na História há uma permanente subalternização de alguns segmentos sociais por outros, os vencedores e os vencidos. A partir do mercantilismo, quando o valor da mercadoria passa a significar o crescente enriquecimento de alguns setores em detrimento de outros, essa subalternização vai compondo lógica econômica, não apenas política ou geopolítica, e ela passa a ganhar foro crescente de desumanização dos setores subalternizados, como lógica de dominação e exploração. A exclusão transmuta-se em afirmação de superioridade de alguns segmentos sociais sobre outros, seja com explicação étnica ou de outra índole. Na Europa de hoje percebe-se isso com força na maneira como se trata o tema da migração e das levas de refugiados. No Brasil, esse fenômeno é perceptível no trato aos povos originários, a alguns segmentos migrantes, mas a marca brasileira desse fenômeno diz respeito à escravização de populações negras africanas. O escravismo marca o Brasil pela sua dimensão e longa duração, mas marca também pelas decorrências que dele derivam até hoje, com expressões de diversas ordens, não apenas econômica, mas de discriminações de todo matiz. Essa postura tornou-se útil para a sedimentação de uma camada enorme de excluídos, buscando conformar um amplo estoque de mão-de-obra barata e descartável quando desnecessária. O racismo não pode ser visto como uma efeméride histórica já superada, mas como um sistema dotado de mecanismos que produzem e reproduzem essa camada social excluída e subalternizada.


Neste momento, onde a disputa do futuro precisa passar por uma disputa de “Projeto de País”, a questão racial e a discriminação dos setores sociais subalternizados ganham uma dimensão fundamental. “O racismo brasileiro é um crime perfeito. Como combater esse crime, se muitas vezes se chega a dizer ao negro que reage – você é complexado, o problema está na sua cabeça” (Kabengele Munanga). Para este Diálogo, contaremos com as contribuições de:


Matilde Ribeiro – Professora da UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira. Foi Ministra da Seppir – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Pós Doutoranda da Área de Relações Internacionais da UFABC – Universidade Federal do ABC.


Douglas Martins de Souza – Graduado em Jornalismo e em Direito. Mestre em Direito e doutorado em Filosofia. Foi Secretário Adjunto da Seppir – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Nas últimas eleições foi Candidato a Prefeito e a Deputado Estadual pelo Partido dos Trabalhadores de Santos/SP.




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