Nestes últimos dias, as investigações sobre os episódios de 08 de janeiro e seus antecedentes vêm explicitando a participação de militares de alta patente na organização dos mesmos, bem como de suas relações com movimentos políticos de envergadura na direção do fortalecimento de seu protagonismo nas disputas de poder que se vêm materializando desde 2013. As investigações vêm colocando na cena dos acontecimentos militares de alta patente, quase sempre da reserva, que já vinham tendo participação em vários episódios anteriores, como a elaboração do “Projeto de Nação”, ou a mobilização dos acampamentos montados em torno de quartéis por todo o País, inclusive no Comando Militar do Planalto, ou mesmo na tentativa de suspeição sobre a segurança das urnas eletrônicas.
Esses acontecimentos colocam na ordem do dia um conjunto de questionamentos, como: A mobilização desses atores militares conformou atos de caráter corporativo ou de indivíduos e grupos isolados dentro do alto oficialato da reserva, que se desviaram politicamente em direção a movimentos golpistas? A forma como as forças armadas, no Brasil, se organizam historicamente tem relação com uma vocação voltada à Defesa contra ameaças externas ou mais diz respeito ao controle do que se passa dentro do próprio território nacional? Existe, nas forças armadas um “setor golpista” e um “setor legalista” ou elas se organizam para agirem sobre a vida nacional, com o uso de mecanismos centralizados de informação, comando e controle? Temos a Política de Defesa Nacional e as Forças Armadas de que o Brasil, de fato, necessita?
Para esse debate, contaremos com contribuições de:
Adriana Marques, Professora do Bacharelado em Defesa e Gestão Estratégica Internacional da UFRJ, colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da PUC-RJ, foi professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Militares da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, diretora da ABED e pesquisadora de várias instituições na área da Defesa Nacional
Jorge Oliveira Rodrigues, Pesquisador do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social e do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional. Doutorando pelo PPGRI San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP, PUC-SP).
Comments