Diálogos AMSUR: Defesa Nacional – Uma Política Pública Necessária
Vários episódios envolvendo militares têm colocado em questão a imagem das Forças Armadas e ensejado debates sobre as razões que têm levado a isso e sobre o processo histórico que deu origem e consistência às estruturas militares de que o Brasil dispõe e o papel político que os fardados têm tido na vida de nosso Brasil, desde quando se foram constituindo, no passar da História Nacional. Os militares, que se foram tornando força política durante o Brasil Império, foram se transformando em estruturas de disputa de poder e passaram, gradativamente, cada vez mais a ocupar centralidade nesse jogo dentro do Estado brasileiro. Para tanto, as definições de seu foco se foram caminhando, gradativamente, para a construção de existência de inimigos internos negadores da Nação. As FFAA, particularmente o Exército, se foram organizando para o controle interno do território nacional, se homogeneizando ideológica e doutrinariamente em torno do combate ao inimigo interno e, simultaneamente, fortalecendo-se como força política.
Esse viés foi distanciando, cada vez mais, os militares da necessária preparação para a Defesa Nacional, propriamente dita, alinhando-se, automaticamente a um polo derivado das grandes disputas geopolíticas internacionais. Como instituição de defesa interna, seu efetivo, suas armas, sua distribuição no território e sua instrução se voltaram a esse objetivo, como objetivo supremo. A Defesa Nacional foi terceirizada para forças militares externas e hegemônicas. Como conceituar a Defesa Nacional de que o Brasil tem real necessidade para garantir sua soberania como Nação? O que é e o que deveria ser uma política de Defesa Nacional? Esta política é necessária? A Defesa Nacional é ou deveria ser vista como Política Pública? É ela um atributo dos militares ou do Estado, de forma mais ampla? Como construir uma política de Defesa Nacional nos moldes realmente necessários para que o Brasil se firme, harmonicamente, no Mundo atual, em enorme transformação, sem alinhamentos, mas de maneira ativa e altiva? Diante desse enorme desafio, e plagiando Manuel Domingos Neto, “O Que Fazer com o Militar”?
Para conversarmos e aprofundarmos essa intrincada questão, contaremos com a participação de:
José Genoino Neto, ex-Deputado Federal Constituinte, detentor de vários mandatos junto à Câmara Federal, ex-Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores, ex-Assessor Especial do Ministério da Defesa
Piero Leirner, antropólogo, professor titular na Universidade Federal de São Carlos, na área de antropologia da guerra e sistemas hierárquicos; dedica-se ao estudo de guerra híbrida, suas formas e aplicações no contexto brasileiro.