Em uma semana, 45 pessoas morreram durante operações policiais nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. A “Operação Escudo”, no caso do Guarujá, começou na sexta-feira (28) em reação à morte de um soldado da PM, e culminou com 16 mortos. A quarta-feira (2), terminou em uma chacina com ao menos 10 pessoas mortas no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Na Bahia, em três localidades, ao menos 19 pessoas foram mortas durante ações e operações policiais realizadas entre sexta-feira (28) e segunda (01).
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos emitiu um comunicado nesta quinta-feira (03) em que define esta semana como a mais sangrenta dos últimos anos no Brasil e pede que o país avance numa investigação imparcial sobre os possíveis excessos cometidos nestas operações.
Ao mesmo tempo, as narrativas de defesa da postura policial, em todos esses casos, vêm respaldando um posicionamento político que busca validar um espectro político de extrema-direita no Brasil. Sintoma disso foi o pronunciamento do Governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo, falando sobre a operação policial no Guarujá, em que disse que “não podemos permitir que a população seja usada e não podemos sucumbir a narrativas. A gente está enfrentando o tráfico de drogas. A gente está enfrentando o crime organizado, e a gente tem de ter consciência disso” Nesse pronunciamento, Tarcísio afirmou estar “extremamente satisfeito com a ação da polícia”, da qual ressaltou o que considera “profissionalismo”.
Como entender a postura policial que gera essas chacinas, no arco de uma política de segurança? Como construir uma nova política e uma nova estrutura de segurança pública mais humana e cidadã? Como entender o discurso de ódio a justificar a atual postura policial? Como vislumbrar esse discurso no embate político que se vem travando e que polariza fortemente a disputa política brasileira?
Para conversarmos sobre esse tema, contaremos com a participação de:
Benedito Mariano, Sociólogo. Mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, ex-Ouvidor da Polícia de São Paulo. Membro Associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. É coordenador do Núcleo de Segurança Pública na Democracia do IREE e Secretário de Segurança Cidadã da Cidade de Diadema;
Isabela Kalil, Coordenadora de Pós-Graduação em Antropologia | FESPSP - Fundação Escola de Sociologia e Politica de São Paulo, desenvolvendo pesquisas sobre extrema direita e bolsonarismo, com foco em conservadorismo, neoliberalismo e políticas anti-gênero, protestos, manifestações públicas, ativismo digital e internet.
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